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Bullying ou Liberdade de Expressão?

O assassinato cruel e covarde dos jornalistas chargistas do jornal francês Charlie Hebdo, por dois muçulmanos, deixou o mundo ocidental estarrecido e indignado pela morte das pessoas, mas principalmente por representar um ataque à liberdade de expressão da imprensa e de todos os cidadãos.

O motivo para o massacre foi a publicação de uma caricatura de Maomé, na capa de uma edição do jornal. Para o islamismo, criar uma imagem do seu profeta é uma blasfêmia e mais ainda por se tratar de uma charge, um deboche a um preceito religioso. Não foi a primeira vez que este jornal produzia uma charge de Maomé.

E para lavar a honra se sua religião, os irmãos muçulmanos assassinaram os jornalistas e humoristas, mas também atingiram um dos preceitos mais valiosos da democracia, o direito à liberdade de expressão.

Diante destes fatos e da repercussão extraordinária que se sucedeu, fiquei pensando na escola…

E fiquei pensando em todos os projetos antibullying desenvolvidos junto aos alunos, professores e pais, fiquei lembrando das entrevistas que psicólogos e orientadores educacionais fazem com os alunos envolvidos em bullying, tanto com os que são vítimas como com os agressores.

Lembrando que bullying consiste em ofender, humilhar, espalhar boatos, isolar, bater, perseguir, assediar, roubar, que ocorre repetidas vezes por parte de um aluno(s) em relação a outro(s) que está em desvantagem de poder defender-se.

Como fica a escola, quando ocorrer um caso de bullying, de um aluno debochar insistentemente de um aspecto físico de outro colega? Quando houverem desenhos caricatos, piadinhas ou outras gozações recorrentes?

Esta situação deixa de ser bullying e passa a ser considerado como exercício da liberdade de expressão?

Os pais dos alunos agressores, que muitas vezes alegam exagero da escola quanto às “brincadeiras” de humilhação de seus filhos para com colegas agora também podem argumentar que seu filho não pode ter sua liberdade de expressão cerceada?

Como é que ficam os alunos ofendidos?

No filme, “Autores da Liberdade”, a professora protagonista da história retém em sala de aula uma caricatura feita por um aluno que debochava do nariz largo de um colega negro. Ao questionar à turma sobre essa gozação, a professora trouxe que assim também os nazistas começaram sua perseguição aos judeus. A partir desta conversa, esta turma passa a se questionar se as diferenças entre eles são motivo para segregação e violência. Este é um dos filmes mais utilizados nas escolas na luta contra o bullying ou nos enganamos e estávamos contra a liberdade de expressão?

por Vivien Rose Bock – Psicóloga Clínica e Escolar, mestre em Psicologia Social e da Personalidade, Formação em Psicoterapia de Família e Casal, professora da PUCRS, autora do livro “Professor e Psicologia Aplicada na Escola” e “Motivação para Aprender, Motivação para Ensinar”, coordenadora do CAPE

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