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Desafios da inclusão na educação básica

Texto elaborado pelo psicólogo e aluno do curso de Formação em Psicologia Escolar, Deskson de Castro Almeida Júnior, de Lauro de Freitas – BA.

Atualmente, faço parte do Núcleo de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Lauro de Freitas – BA, onde trabalho como psicólogo junto a uma equipe multidisciplinar formada por pedagoga, psicopedagoga, assistente social, entre outros. Nosso trabalho é promover e garantir a educação especial na cidade de Lauro de Freitas, e para isso, prestamos assistência a todas as escolas públicas do município, aos gestores, professores, cuidadores, pais e os próprios alunos que estão matriculados na rede e são público-alvo da educação especial, que são pessoas com deficiência. A partir dessa contextualização, trago meu olhar sobre o processo de inclusão das pessoas com deficiência na educação básica a partir da minha experiência profissional.

A inclusão da criança com deficiência na educação básica vem sendo um desafio para todos. Dentre esses desafios encontramos, primeiramente, resistência por parte de gestores, professores, cuidadores, colegas e até mesmo dos pais da criança. Muita dessa resistência surge pela frustração que a criança com deficiência traz á lógica escolar e a família. É notável que essa criança com deficiência frustra expectativas e anseios comuns a equipe escolar e aos pais que esperam desempenho e produtividade do aluno. É comum ouvir queixas e acusações de dificuldades em controlar a sala por causa da presença de um aluno com deficiência pois, segundo relato de professores, ele demanda atenção e cuidados acima da média e isso muitas vezes é o suficiente para desorganizar toda a sala.

Os pais possuem também trazem desafios a inclusão da criança com deficiência na educação básica: rejeição, abandono, negligência ou o contrário, superproteção são comportamentos que dificultam a escolarização e criam diversos problemas de comunicação e relação com a escola, pois, muitas vezes os alunos com deficiência são os que mais precisam da presença dos pais no processo de escolarização segundo a própria deficiência.

Existem ainda a descrença na educação inclusiva, mais uma vez através de questionamentos em torno do desempenho dos alunos com deficiência. O alvo principal das queixas dos profissionais das redes se voltam para as crianças com deficiência intelectual ou transtornos globais do neurodesenvolvimento. Entendemos que essa resistência específica acontece porque são alunos que tem mais dificuldades com o processo pedagógico e que, por tanto mobilizam maior angústia e ansiedade dos pedagogos que se sentem pressionados pela escola e pelos pais. Infelizmente, é importante trazer que muitos alunos da educação inclusiva na rede pública não estão alcançando as expectativas mínimas de escolarização.

A educação inclusiva é um desafio ainda maior na rede pública porque é um fato de que existem sérios problemas de estrutura e recursos para a escolarização de alunos regulares, maior ainda se torna a escolarização de alunos com deficiência que requerem uma adaptação estrutural, pedagógica e social e que muitas vezes não acontece. Encontramos escolas que fazem o possível para que ocorra a inclusão, mas que mesmo com profissionais preparados, estrutura razoável e atenção a adaptação do aluno não conseguem tal feito, por falta de uma rede de saúde qualificada que possa dar suporte psicoterápico e medicamentoso á um aluno autista, por exemplo. Existem casos de bullying dentro da escola, que comprometem a saúde emocional da criança com deficiência que sofre rejeição e isolamento social no âmbito escolar.

Para essas e outras demandas, existe o nosso núcleo que atua de maneira preventiva e interventiva para tornar possível a inclusão nas escolas. Tenho conhecimento de outros profissionais que afirmam que nós estamos avançando no município em relação a outras cidades. Mas acredito que a educação inclusiva, ainda esteja no estágio de integração. Como pude colocar, a inclusão da criança com deficiência na educação básica não é só um problema da escola, mas da família, da comunidade e da sociedade como um todo, que precisam ser solucionadas através de políticas públicas que reconheçam a cidadania das pessoas com deficiência e garantam seus direitos como cidadãos, porque, acredito eu, este é o cerne do problema.

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