Texto escrito por Sofia Milene da Silva, aluna do curso de Formação em Psicologia Escolar.
A velocidade de transformação do mundo está cada vez maior, as mudanças acontecem nas mais diversas instâncias, inclusive a do trabalho. Considerando isso um fato, a visão de que o indivíduo e o próprio trabalho possuem estabilidade ao longe do tempo, não pode mais ser considerada válida atualmente. Isso vai diretamente de encontro com a Teoria do Traço-Fator, em que a ideia central era de que havia a pessoa certa para o lugar certo.
Considerar alguém habilitado para uma função com base em atributos mensuráveis por testes acaba sendo reducionista, visto que o indivíduo é composto por diferentes fatores, esses nem sempre são captados por sua autopercepção. Outro ponto importante a ser colocado é da instabilidade de características. Todos estamos em constantes mudanças, seja de comportamentos, pensamentos ou interesses. Não há como afirmar que uma pessoa se encaixará de todas as formas em um dado emprego por toda sua vida profissional. Atualmente não é mais incomum que um indivíduo passe por diferentes trabalhos ao longo de sua vida. Isso deve-se tanto à instabilidade pessoal, como citado anteriormente, como à instabilidade do mundo do trabalho e do contexto. Como dito na introdução, os âmbitos a nossa volta estão se transformando de maneira acelerada, e isso muito tem a ver com os avanços da ciência e da tecnologia, assim como as repetidas inconstâncias econômicas no país. Isso acaba por afetar diretamente a vida profissional de todos, seja por alteração nos interesses, nas necessidades e/ou nas capacidades.
Porém, seria um erro descartar totalmente a Teoria do Traço-Fator. Assim como a ideia de que existe pessoa certa para o lugar certo é reducionista, dizer que qualquer pessoa está apta para trabalhar em qualquer lugar é um equívoco. Se assim fosse, a Orientação Profissional não seria necessária. Cada função em um trabalho exige habilidades individuais, seja física, cognitiva, capacidades psicológicas, etc. Hoje, muitas funções requerem trabalhadores com maior capacidade de flexibilidade, facilidade com novas tecnologias e/ou interesse em estar em constante aprendizagem. É necessário investigar se o profissional está apto para desempenhar determinado serviço. Nesse sentido, os atributos mensuráveis pelos testes são bastante úteis.
A realidade do nosso país traz elementos específicos para serem pensados quando falamos em Orientação Profissional. O contexto socioeconômico obriga milhões de pessoas a escolherem seus empregos de acordo com suas necessidades, não possuindo recursos e oportunidades para que a vida profissional seja construída a partir dos seus verdadeiros interesses e habilidades. Como psicólogos, é preciso pensarmos a Orientação Profissional também dentro dessa conjuntura, para que o trabalho não seja encarado totalmente como uma atividade obrigatória desprazerosa, mas que o trabalhador possa construir significados positivos nele. Assim, o trabalho poderá assumir um papel mais saudável na vida do indivíduo, evitando desgastes físicos e mentais.
Você pode aprender mais sobre esse tema nos nossos cursos de Orientação Profissional na Escola e Formação em Psicologia Escolar.
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