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Inclusão na Educação Infantil

Muitas vezes o processo de inclusão no ambiente escolar nos coloca à frente de situações inusitadas. Dentre eles, podemos citar o caso de uma professora de uma turma de Educação Infantil, com crianças de 4 a 5 anos, que relatou que um aluno se recusou a segurar a mão de outra colega porque “ela é esquisita”, referindo-se a uma colega com Síndrome de Down. A professora ficou chocada com a atitude e pediu à coordenação uma sugestão do que fazer com este menino, e também gostaria de realizar uma atividade com sua turma para a melhor aceitação desta colega com síndrome de Down.

Nesse sentido, pensando em como lidar com a situação, a psicóloga Adriane de Cássia Alves Gonçalves coloca que o despertar para as diferenças e semelhanças entre as pessoas ocorre na fase da educação infantil. Naturalmente chama a atenção das crianças qualquer outra que apresenta características que se destaquem de forma explícita, como acontece em crianças com síndrome de Down, que fisicamente apresentam diferenças notáveis. Nesse sentido, frente à preocupação e reação da professora eu a acolheria para ouvi-la e junto refletir sobre a atitude da criança de que não há nada que não possa ser trabalhado, como em outras situações: crianças negras, meninos de cabelo comprido, meninas de cabelo curto, etc.. Trabalhar as diferenças precisa fazer parte do cotidiano escolar.

A professora precisa entender a natureza da “rejeição ao diferente” para que a atitude do menino não seja “potencializada” e vista como algo tão “surpreendente”, mas que faz parte do trabalho educativo em relação “ao outro diferente de mim”. Por mais que a atitude surpreenda a professora, chama a atenção sua reação de “choque”, o que pode demonstrar ainda o despreparo da mesma para reconhecer a naturalidade do estranhamento do menino para intervir com tranquilidade na situação.

Conversar com o menino sem julgamento moral, sem criticar sua atitude como “feia” sem obriga-lo a dar a mão para a colega, será a forma de entender que ele como criança está conhecendo o mundo com diferenças e precisa entender que não há problema em ser diferente e que, por isso, a colega não é “esquisita”, mas tem o seu jeito. O trabalho com crianças é sempre com dois caminhos concomitantes: o da intervenção imediata quando algo ocorre e o planejamento pedagógico diário que contempla temas como este. Dessa forma, projetos devem fazer parte do trabalho sobre as diferenças e semelhanças: somos todos pessoas, crianças, mas cada um tem o seu jeito. Isso pode ocorrer através de histórias, brincadeiras, desenhos, conversas na rodinha, trabalhar o corpo, as diferenças físicas, os gostos e interesses diferentes e muitas outras maneiras podem ser pensadas para que as crianças curtam os trabalhos ao mesmo tempo em que estão familiarizando-se com o tema em questão. Esse trabalho precisa acontecer independente da turma ter alguma criança com necessidades especiais. No entanto, quando houver, o foco no tema precisa ser intensificado, onde as famílias e corpo docente precisam acolher lidando com “medos” e preconceitos. A inclusão traz benefícios para todos os envolvidos na medida em que se aprende o senso de humanidade e aceitação do outro diferente de mim e proporciona a criança o convívio com seus pares, auxiliando positivamente no desenvolvimento integral.

Desde que a educação inclusiva tem sido um repensar permanente se percebe que ainda mobiliza famílias e professores, mas com aceitação maior do que era anteriormente. Assim, precisa ser falado sobre isso, equipe pedagógica trabalhar com o corpo docente esta realidade, pois precisam estar preparados para lidar e intervir em situações como essa do menino sem que isso seja algo que “desestabilize” tanto o professor.

Texto elaborado pela psicóloga Adriane de Cássia Alves Gonçalves, aluna do curso de Formação em Psicologia Escolar.

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