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Os Anos de LatĂȘncia

  • Foto do escritor: Cape Psicologia
    Cape Psicologia
  • 6 de set. de 2012
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de jun. de 2020

Esta fase do desenvolvimento infantil que acontece entre os 6 e 12 anos de idade Ă© marcada pela reorganização das estruturas defensivas do ego. O prĂłprio nome, latĂȘncia, remete a algo que temporariamente deixou de ser ativo ou melhor, que estĂĄ ativo, mas funcionando em segundo plano. NĂŁo consigo deixar de relacionar esse processo com a preparação de um pĂŁo, afinal depois de se colocar todos os ingredientes dentro de uma bacia, misturando-os atĂ© formar uma massa homogĂȘnea, recomenda-se que ela descanse para poder crescer. Muitas pessoas nĂŁo tem paciĂȘncia para esperar a massa descansar como deveria porque acham que Ă© bobagem e depois reclamam que o pĂŁo nĂŁo cresceu e ficou como uma sola de sapato, uma pedra (os adjetivos usados variam de acordo com a frustração de quem fez o pĂŁo).


Da mesma forma, a latĂȘncia Ă© fundamental para que a criança possa canalizar as energias de suas pulsĂ”es reprimidas em atividades culturalmente e socialmente aceitas, como o estudo, o esporte, entre outros. A criança descobre o prazer de brincar em grupo, inventando brincadeiras recheadas de imaginação e criatividade. Internalizam regras, aplicando-as nos mais diferentes contextos possĂ­veis.


Lembro que no perĂ­odo da minha infĂąncia referente Ă  latĂȘncia, os meninos colecionavam figurinhas de jogadores de futebol na intenção de completarem o ĂĄlbum, enquanto as meninas divertiam-se colecionando pastas e pastas de papĂ©is de carta. Em grupo, a brincadeira continha um pouco mais de ação, jĂĄ que usĂĄvamos mĂĄscaras de nossos personagens favoritos (na Ă©poca a febre era em torno dos Flashmen e Chagemen) imaginando ter o poder deles. Mas nĂŁo se iludam pensando que meninos entravam nessa brincadeira. Raramente, quando estĂĄvamos de bom humor, permitĂ­amos que um primo que morava perto participasse tambĂ©m. As atividades da escola limitavam-se em exercĂ­cios repetitivos que por alguma razĂŁo adorĂĄvamos fazer, como seguir linhas pontilhadas com o lĂĄpis, pintar desenhos sem borrar, escrever a data completa no topo da pĂĄgina do caderno, sem falar da boa e velha caligrafia.


Nos dias de hoje os super heróis e as brincadeiras não são mais os mesmos e as atividades do colégio passaram por reformulaçÔes a fim de atender determinados requisitos. No entanto continua existindo um período da vida da criança em que ela aprende a canalizar sua energia pulsional em prol do seu desenvolvimento como pessoa e parte integrante de uma sociedade.


Snarnoff em seu texto fala em docilidade, calma e educabilidade como caracterĂ­sticas marcantes da latĂȘncia. No entanto, quando a estrutura do ego Ă© abalada, como em casos de abuso, a criança geralmente apresenta um comportamento inquieto em sala de aula, muitas vezes impedindo ou dificultando os processos de aprendizagem e de interação social. E o que deveria ser elaborado atravĂ©s da fantasia e do simbĂłlico na latĂȘncia, torna-se  explĂ­cito e real demais para ser canalizado de uma forma saudĂĄvel, afetando o desenvolvimento da criança. DaĂ­ a importĂąncia de se permanecer atento a qualquer mudança no comportamento dela e intervir quando necessĂĄrio, incentivando-a sempre a respeitar regras e a administrar da melhor forma possĂ­vel seus impulsos.


Afinal, a energia gerada pela intensificação dos impulsos reprimidos Ă© o fermento que farĂĄ com que se inicie a preparação para a prĂłxima etapa, a adolescĂȘncia. Mas para o fermento funcionar, lembre-se do segredo do pĂŁo, a “massa” precisa descansar.


Texto desenvolvido pela aluna da turma de Especialização em Psicologia Escolar, Isis MĂŒller.

ReferĂȘncias: Snarnoff, C.A. EstratĂ©gias PsicoterapĂȘuticas nos Anos de LatĂȘncia. Ed. Artes MĂ©dicas, 1995.

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